Simplesmente Lu

Outubro 13 2008

© LUCIVALDO SENA / AG. PARÁ

 

12/10/2008 13:41

Todas as Marias se únem no Círio de Nazaré
 
Da Redação
Agência Pará
 

O céu de Belém ainda estava escuro quando iniciou a missa, às 5 horas, em frente à Igreja da Sé, Catedral Metropolitana, na manhã deste domingo (12). O dia nasceu e, com ele, a alegria transpareceu no rosto dos romeiros que lotaram o local e continuaram chegando, oriundos do interior e de fora do Estado. Pessoas de várias crenças e religiões que, até o final do cortejo, chegaram a cerca de 2 milhões, formando um verdadeiro mar de gente acompanhando a padroeira do Pará, a Virgem de Nazaré ou, simplesmente, Maria.

 

Desde cedo, muitos saudaram, aplaudiram, agradeceram ou pediram graças à Nossa Senhora, na maior procissão religiosa do ocidente. O segundo domingo de outubro, dedicado ao Círio, que este ano coincidiu com o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, é um verdadeiro espetáculo de fé e superação.

 

A missa que antecede a grande procissão foi celebrada pelo Núncio Apostólico D. Lourenço Baldisseri, que representa o papa Bento XVI no Brasil. No palco em frente à Sé – que está em restauração – estavam presentes os arcebispos Metropolitano de Belém, D. Orani João Tempesta, e o emérito de Belém, D. Vicente Zico. “A atitude de Maria diante de Jesus é marcada por uma confiança incondicional”, frisou D. Baldisseri durante o evangelho, mostrando aos fiéis que o exemplo de Maria deve ser seguido. “Ela meditava em silêncio a palavra de Deus, mesmo quando não a entendia”, acrescentou.

 

O Coral da Catedral, com 35 vozes, emocionou o público, como a costureira Maria Benedita dos Reis, que chegou à 1h30 para conseguir um lugar privilegiado. Agradecida, Maria contou que, depois de tocar na imagem da Virgem, conseguiu a cura da depressão profunda que a atormentava.

 

Muitas Marias participaram da celebração. Os nomes Maria e Nazaré (ou Maria de Nazaré), muito comuns no Pará, homenageiam ou são sinais de agradecimento a alguma graça alcançada.

 

Às 6h30, a imagem foi levada para a berlinda, sob a proteção dos guardas da Paróquia de Nazaré, que formam um cordão humano em torno da imagem, protegido externamente por outro, formado por homens da Polícia Militar (PM) e do Comando de Fuzileiros Navais, além do efetivo do Corpo de Bombeiros e equipe da Cruz Vermelha.

 

Logo após o início da procissão, a Santa recebeu a primeira grande homenagem dos balanceiros, peixeiros e geleiros do Mercado do Ver-o-Peso. A queima de fogos de artifício marcou a maior das 11 procissões da Festividade de Nazaré. Do bairro da Cidade Velha, os romeiros seguem com destino à Basílica-Santuário, trajeto inverso ao da Trasladação, ocorrida no sábado à noite.

 

Corda – A multidão começou a enfrentar seu primeiro desafio quando entrou no Boulevard Castilhos França, onde a corda é atrelada e os romeiros lutam por um espaço em uma das nove estações, marcadas por bandeiras coloridas. O universitário Rodrigo Araújo foi um dos primeiros a garantir um lugar na corda dos promesseiros, para agradecer à Virgem por sua tia, vítima de câncer de estômago, “ter tido uma morte tranqüila, dormindo”.

 

Helicópteros da PM e dos Bombeiros circularam o tempo todo pelo local, auxiliando o policiamento. Antes de chegar à Avenida Presidente Vargas, Nossa Senhora recebeu mais duas homenagens: dos sindicatos dos Estivadores e dos Arrumadores do Estado do Pará.

 

Além dos fogos, ao longo do percurso muitos aplausos, balões e chuva de papel picado aumentaram a emoção de romeiros e de quem apenas assistia à procissão, sem conseguir conter as lágrimas com a aproximação da berlinda. A emoção também acompanhou Cilene Pimentel, 37 anos, que acompanhou o Círio na corda para agradecer por ter conseguido um emprego com carteira assinada.

 

A fé do paraense também é simbolizada pelo sacrifício. A PM Marciane Cruz Nascimento se destacou no meio dos policiais que protegiam a berlinda. “A gente tem que manter a ordem”, disse ela, para quem o trabalho e a devoção possuem o mesmo valor entre os promesseiros. Haidêe Nunes, do município de Altamira, vestiu túnica para agradecer a cura por uma doença de infância. “Vim pagar a promessa feita pela minha avó”, contou.

 

Outra romeira que chamou a atenção foi Felícia Cardoso, 80 anos. Descalça, ela participou da procissão próximo à corda, para agradecer por várias graças alcançadas. A engenheira florestal Regina Meireles também se mostrou determinada: depois de soltar-se da corda, tentou novamente voltar.

 

Lágrimas, sorrisos, acenos, sacrifícios. Tudo é válido para homenagear a padroeira, o exemplo de Maria – mãe e mulher -, reverenciada pelas milhares de Marias que se espalham pelo Pará, e se unem no segundo domingo de outubro para demonstrar, pelas ruas de Belém, a religiosidade do povo paraense.

 

Texto: Luciane Fiuza - Secom

 

 

 

Fotos da Agência Pará: Eunice Pinto, Tamara Saré e Lucivaldo Sena.

 

Link: http://www.pa.gov.br/noticias/materia.asp?id_ver=33507

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 04:07

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