Simplesmente Lu

Outubro 19 2008

Martha Batista em Dom Quixote

 

Dança  -  Paraense Martha Batista ganhou medalha de bronze no festival argentino Danzamerica
 

Bailarina é destaque em festival

 

Quem vê Martha Batista dançando não imagina que por trás de tanta desenvoltura e graciosidade há uma história de verdadeiro amor ao ballet clássico. Histórias que muitos bailarinos paraenses conhecem bem, que vão desde a falta de profissionalização da profissão até a superação do calor tropical da cidade, que desde o período áureo da borracha, recebeu esta arte nascida no berço europeu. Determinada, a bailarina vive o sonho que acalenta desde os quatro anos, quando sonhava em ser bailarina e, “em segundo lugar”, professora, mas que acabou se formando em Psicologia.
 
No início deste mês, o sonho de Martha foi premiado com mais um reconhecimento pelo seu trabalho, quando ganhou medalha de bronze no Danzamerica, festival argentino onde apresentou a variação de Kitri, do primeiro ato do Ballet Dom Quixote, com música de Marius Petipa.
 
A décima primeira edição do Certamen Internacional de Danzas, o Danzamerica 2008, ocorreu em Villa Carlos Paz, Cordoba, na Argentina, reunindo, de 30 de setembro a 12 de outubro mais de onze mil bailarinos de diversos países, como Peru, Chile e Bolívia. Martha ressaltou que a organizadora do evento, Cristina Sanchéz, foi muito receptiva com ela, única representante do Norte. Martha, que representou a companhia onde dança, a Guará Balé-Teatro, dirigida por Rubem Meireles, lembra que na abertura dos espetáculos, em todas as noites, o telão destacava a participação da capital paraense, com a inscrição “Brasil, Belém do Pará”, repercutida também nos jornais argentinos.
 
Para viver momentos como os que viveu no dia 2 de outubro, quando se apresentou no Danzamerica, além de garra, a ajuda do “paitrocinador” é fundamental, conta a bailarina, que ainda precisa da colaboração dos pais. A mãe da bailarina é quem borda seus “tutus” de bailarina e quem a acompanhou na viagem. Para Martha Batista, a mentalidade das pessoas do Sul e de fora do País é diferente, pois muitas bailarinas jovens já possuem postura profissional e, muitas vezes, conseguem ter dedicação exclusiva para a dança. A ausência de companhias estatais ou não em Belém, segundo ela, pode ser um dos motivos para isso.
 
Outro obstáculo na carreira de Martha foi o rompimento total que teve no ligamento cruzado-anterior do joelho esquerdo, que a fez parar por seis meses, transformados em período de “angústia profunda”, pois poderiam representar o fim de sua carreira. “Eu amo dançar; é o que eu mais amo fazer na vida é dançar”, desabafa, contando que surpreendeu até o diagnóstico de alguns médicos quando voltou aos palcos. Para tratar o joelho, ela fez o mesmo tratamento que jogadores de futebol fazem quando possuem lesões do mesmo tipo.
 
O problema no joelho, que hoje possui dois pinos de aço, foi sentido nas 10 horas de viagem até a Argentina. O clima do lugar, de cerca de 13 graus, entretanto, aliviou as dores e ajudou no momento do ensaio, quando, sem muito esforço, ela conseguiu repetir, sem pausa, a coreografia do concurso. Nas aulas e apresentações de pas-de-deux, ela conta com o apoio do professor e partner, Rubem Meireles, entrosamento que tem dado certo há vários anos. “A experiência de dançar com o professor é ótima porque, além de nos darmos bem fora da sala de aula, ele sabe quando a minha dificuldade é por causa do joelho, do movimento ou do piso”, relata.
 
CARREIRA - Foi com Rubem que Martha experimentou outros estilos de dança, como o neoclássico, que permite, com base nos movimentos clássicos, mais abertura na criação das coreografias. Mesmo preferindo os ballets de repertório, o casal conquistou premiação, em 2005, no Festival Internacional Bento em Dança (RS) com a coreografia “Ritual”, de Meireles, com música de Villa-Lobos. Prêmios, inclusive, não faltam no currículo dela, que foi eleita bailarina destaque por dois anos consecutivos, 1999 e 2000, pela Associação Paraense de Dança (APAD). Em 1999 também foi eleita bailarina revelação no 15º Baile dos Artistas.
 
Os prêmios são lembrados com alegria e certa nostalgia, como o 1º lugar obtido com o solo de repertório, em 1998, no II Festival Latino Americano de Dança (RS), quando ainda dançava pela Escola Clara Pinto, onde começou. De lá, passou pela Ballare e Escola de Teatro e Dança da UFPA, onde conheceu Rubem Meireles, que também é professor.    
 
A história de Martha poderia ter seguido outro rumo, se ele tivesse viajado ao Uruguai para fazer parte da companhia de Inês Camou, que a convidou durante um festival paraense de dança, quando ela tinha apenas 14 anos. “Ela me entregou o troféu e fez o convite, mas meus pais não me deixaram ir porque me achavam muito nova”, recorda, explicando que as famílias, em Belém, por não enxergarem o lado profissional do ballet, priorizam o estudo.
 
Martha Batista trabalhou pouco tempo como psicóloga e, ano passado decidiu cursar Pedagogia, sua “outra paixão” depois da dança. Atualmente, ela ministra aulas de repertório na Guará Balé-Teatro e na Ribalta, escola de Ananindeua. Além de continuar vivendo seus sonhos, a bailarina que ama a dança e odeia o calor da cidade, dá lições de superação para as alunas com a experiência de quem sabe das dores e delícias da profissão. E se alguém pergunta se ela pensa em parar, a resposta é imediata. “Claro que não! Vou dançar até o joelho agüentar”. Ninguém duvida.
 
Texto: Luciane Fiuza (publicado no Jornal Diário do Pará; edição de 19/10/ 2008).
 
    
publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 15:06
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Perfeito. Não tenho palavras para ressaltar a magnífica bailarina que Martha é. Bjs. Rubem.
Rubem a 20 de Outubro de 2008 às 15:36

Martha sou sua fã!!!!!!!!!!!Adoro ver vc dançar!Parabéns
luana a 24 de Setembro de 2010 às 15:44

A tia Martha é perfeita! Certamente, ela serve de inspiração para muitos bailarinos paraenses!
Camila Braga a 31 de Outubro de 2010 às 14:20

É verdade. Ela é ótima. E está linda nesta foto. Abs e obrigada pela visitinha, Camila.

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