10 DESEJÁVEIS VIRTUDES PARA A POLÍTICA CULTURAL DO PT NO ESTADO
Terceira virtude: O Bom Senso. Texto: Fábio Castro, profº do Departamento de Comunicação Social da UFPA.
Link do Blog do Fábio - HUPOMNEMATA
O Bom Senso é a virtude que rege a relação dos homens com a verdade. Ter bom senso é superar o individualismo para entrar na razão do grupo, ou melhor, superar a razão pessoal para pensar segundo a experiência e a razão. A política cultural precisa ter bom senso. Isso significa dizer que ela tem que superar o personalismo que caracteriza as políticas culturais provincianas. Ela precisa superar o sujeito e pensar no grupo. Não num grupo, bem entendido, pois isto seria uma outra forma de personalismo, mas sim no grupo social por inteiro, na sua complexidade e necessária contradição. Ter bom senso é saber ponderar, usar a razão para se aproximar da verdade. Isso significa usar de uma sinceridade autêntica, tão autêntica que supera a verdade pessoal em favor da verdade coletiva. Lembremos da definição de La Rochefoucauld para sinceridade: uma forma de amor à verdade. Segundo ele, a sinceridade é uma abertura de coração que nos mostra tais como somos; é um amor à verdade, uma repugnância a se disfarçar, um desejo de reparar seus defeitos e até de diminuí-los, pelo mérito de confessa-los. Portanto, ter Bom Senso é amar a verdade mais que a si mesmo. Espinoza, por sua vez, sugere que toda possibilidade de liberdade, do indivíduo como do grupo, está no ato da sinceridade e, portanto, no uso da razão: O homem livre nunca age como enganador, mas sempre de boa fé. Assim, a liberdade do homem está na sua potência em submeter-se à universalidade da razão. Bom senso nada mais é que amor à verdade, amor pelo mundo mais que a si mesmo. Penso que só é possível fazer política cultural quando essa política cultural é, efetivamente, uma política social: uma atenção para com o mundo, um respeito pela experiência do mundo, pois essa experiência é o que constitui, efetivamente, a cultura.
Ps: Clicada por Luiz Braga na época em que dançava, a professora e coreógrafa Vera Lúcia Torres aparece neste ensaio fotográfico encarnando a personagem do balé-solo A Morte do Cisne. Outro instantâneo do ensaio foi mostrado, ano passado, na exposição que destacou personalidades da terra e integrou o projeto "Arraial da Luz", comemorativo aos 30 anos de carreira de Luiz Braga. A foto faz parte do arquivo pessoal da professora.
Ps2: Escolhi o instantâneo para ilustrar este artigo quando li o que o profº escreveu sobre respeitar a experiência do mundo. Além de Vera Torres, minha mestra, outros precursores da dança no Pará estão na ativa, como Clara Pinto, Marilene Melo e Rosário Martins.