Simplesmente Lu

Dezembro 09 2006

10 DESEJÁVEIS VIRTUDES PARA A POLÍTICA CULTURAL DO PT NO ESTADO

 Terceira virtude: O Bom Senso. Texto: Fábio Castro, profº do Departamento de Comunicação Social da UFPA.

Link do Blog do Fábio - HUPOMNEMATA

Vera Torres.jpg

O Bom Senso é a virtude que rege a relação dos homens com a verdade. Ter bom senso é superar o individualismo para entrar na razão do grupo, ou melhor, superar a razão pessoal para pensar segundo a experiência e a razão. A política cultural precisa ter bom senso. Isso significa dizer que ela tem que superar o personalismo que caracteriza as políticas culturais provincianas. Ela precisa superar o sujeito e pensar no grupo. Não num grupo, bem entendido, pois isto seria uma outra forma de personalismo, mas sim no grupo social por inteiro, na sua complexidade e necessária contradição. Ter bom senso é saber ponderar, usar a razão para se aproximar da verdade. Isso significa usar de uma sinceridade autêntica, tão autêntica que supera a verdade pessoal em favor da verdade coletiva. Lembremos da definição de La Rochefoucauld para sinceridade: uma forma de amor à verdade. Segundo ele, a sinceridade é uma “abertura de coração que nos mostra tais como somos; é um amor à verdade, uma repugnância a se disfarçar, um desejo de reparar seus defeitos e até de diminuí-los, pelo mérito de confessa-los”. Portanto, ter Bom Senso é amar a verdade mais que a si mesmo. Espinoza, por sua vez, sugere que toda possibilidade de liberdade, do indivíduo como do grupo, está no ato da sinceridade e, portanto, no uso da razão: “O homem livre nunca age como enganador, mas sempre de boa fé”. Assim, a liberdade do homem está na sua potência em submeter-se à universalidade da razão. Bom senso nada mais é que amor à verdade, amor pelo mundo mais que a si mesmo. Penso que só é possível fazer política cultural quando essa política cultural é, efetivamente, uma política social: uma atenção para com o mundo, um respeito pela experiência do mundo, pois essa experiência é o que constitui, efetivamente, a cultura.

Ps: Clicada por Luiz Braga na época em que dançava, a professora e coreógrafa Vera Lúcia Torres aparece neste ensaio fotográfico encarnando a personagem do balé-solo “A Morte do Cisne”. Outro instantâneo do ensaio foi mostrado, ano passado, na exposição que destacou personalidades da terra e integrou o projeto "Arraial da Luz", comemorativo aos 30 anos de carreira de Luiz Braga. A foto faz parte do arquivo pessoal da professora.

Ps2: Escolhi o instantâneo para ilustrar este artigo quando li o que o profº escreveu sobre respeitar a “experiência do mundo”. Além de Vera Torres, minha mestra, outros precursores da dança no Pará estão na ativa, como Clara Pinto, Marilene Melo e Rosário Martins.

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 06:41

Profº Fábio, esta leitura nos faz entrar numa espécie de transe. Imaginamos o homem transcedendo suas limitações humanas para tornar-se mais humano no trato com seus semelhantes. Creio que todos nós podemos cuidar bem do Bom Senso, virtude que, como uma plantinha, deve ser regada todo dia. Com isso, abriremos nossa percepção e conseguiremos enxergar, respeitar a "experiência do mundo" - a experiência erudita e a popular - e daremos a atenção devida à nossa cultura.
Luciane Fiuza de Mello a 9 de Dezembro de 2006 às 17:44

LENNE, o meu diploma, por motivos de força maior, vai demorar mais do que quatro anos para sair. Mas estou curtindo minha vida de estudante. Obrigada pela visita, pelos ensinamentos e pelo incentivo. Um abraço. Lu.
Luciane Fiuza de Mello a 9 de Dezembro de 2006 às 17:20

ELI, concordo com vc. Abs
Luciane Fiuza de Mello a 9 de Dezembro de 2006 às 17:16

Quis dizer essencial.
Lenne Santos a 9 de Dezembro de 2006 às 17:01

Caro Professor Fábio,
Obrigada por nos "brindar" com tão coerente e bem escrito texto. Aproveito para parabenizar também minha ex-aluna Luciane por utilizar um espaço polêmico como a internet para levantar uma discussão tão esencial quanto a que diz respeito à cultura.
Acredito que ser jornalista é muito mais que conquistar um diploma em quatro anos. O exemplo está aí, dado por Luciane.
Um abraço,
Lenne Santos
Jornalista
Lenne Santos a 9 de Dezembro de 2006 às 15:40

Lu, o bom senso deve nortear tudo na nossa vida. Tomara que o governo do PT tenha essa direção. Lindo texto. Eli.
Elisngela Oliveira a 9 de Dezembro de 2006 às 13:43

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