Simplesmente Lu

Outubro 30 2008

O Caderno de Saramago...

 

Quando for crescido quero ser como Rita

Outubro 26, 2008

 

by José Saramago

 

Esta Rita a quem quero parecer-me quando for crescido é Rita Levi-Montalcini, ganhadora do Prémio Nobel de Medicina em 1984 pelas suas investigações sobre o desenvolvimento das células neurológicas. Ora, Prémio Nobel é coisa que já tenho, logo não seria por ambição dessa grande ou pequena glória, as opiniões dos entendidos divergem, que estou disposto a deixar de ser quem tenho sido para tornar-me em Rita. De mais a mais estando eu numa idade em que qualquer mudança, mesmo quando prometedora, sempre se nos afigura um sacrifício das rotinas em que, mais ou menos, acabámos por nos acomodar.

 

E por que quero eu parecer-me a Rita? É simples. No acto do seu investimento como Doutora “Honoris Causa” na aula magna da Universidade Complutense, de Madrid, esta mulher, que em Abril completará cem anos, fez umas quantas declarações (pena que não tenhamos conseguido a transcrição completa do seu improvisado discurso) que me deixaram ora assombrado, ora agradecido, posto que não é fácil imaginar juntos e unidos estes dois sentimentos extremos. Disse ela: “Nunca pensei em mim mesma. Viver ou morrer é a mesma coisa. Porque, naturalmente, a vida não está neste pequeno corpo. O importante é a maneira como vivemos e a mensagem que deixamos. Isso é o que nos sobrevive. Isso é a imortalidade”. E disse mais: “É ridícula a obsessão do envelhecimento. O meu cérebro é melhor agora do que foi quando eu era jovem. É verdade que vejo mal e oiço pior, mas a minha cabeça sempre funcionou bem. O fundamental é manter activo o cérebro, tentar ajudar os outros e conservar a curiosidade pelo mundo”. E estas palavras que me fizeram sentir que havia encontrado uma alma gémea: “Sou contra a reforma ou outro qualquer outro tipo de subsídio. Vivo sem isso. Em 2001 não cobrava nada e tive problemas económicos até que o presidente Ciampi me nomeou senadora vitalícia”.

 

Nem toda a gente estará de acordo com este radicalismo. Mas aposto que muitos dos que me lêem vão também querer ser como Rita quando crescerem. Que assim seja. Se o fizerem tenhamos a certeza de que o mundo mudará logo para melhor. Não é isso o que andamos a dizer que queremos? Rita é o caminho.

 

Obs: Post copiado do blog da jornalista Cris Moreno: http://morenocris.blogspot.com/2008/10/o-caderno-de-saramago_27.html

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 03:24
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Outubro 26 2008

                                                                        

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 02:12

Outubro 19 2008

Martha Batista em Dom Quixote

 

Dança  -  Paraense Martha Batista ganhou medalha de bronze no festival argentino Danzamerica
 

Bailarina é destaque em festival

 

Quem vê Martha Batista dançando não imagina que por trás de tanta desenvoltura e graciosidade há uma história de verdadeiro amor ao ballet clássico. Histórias que muitos bailarinos paraenses conhecem bem, que vão desde a falta de profissionalização da profissão até a superação do calor tropical da cidade, que desde o período áureo da borracha, recebeu esta arte nascida no berço europeu. Determinada, a bailarina vive o sonho que acalenta desde os quatro anos, quando sonhava em ser bailarina e, “em segundo lugar”, professora, mas que acabou se formando em Psicologia.
 
No início deste mês, o sonho de Martha foi premiado com mais um reconhecimento pelo seu trabalho, quando ganhou medalha de bronze no Danzamerica, festival argentino onde apresentou a variação de Kitri, do primeiro ato do Ballet Dom Quixote, com música de Marius Petipa.
 
A décima primeira edição do Certamen Internacional de Danzas, o Danzamerica 2008, ocorreu em Villa Carlos Paz, Cordoba, na Argentina, reunindo, de 30 de setembro a 12 de outubro mais de onze mil bailarinos de diversos países, como Peru, Chile e Bolívia. Martha ressaltou que a organizadora do evento, Cristina Sanchéz, foi muito receptiva com ela, única representante do Norte. Martha, que representou a companhia onde dança, a Guará Balé-Teatro, dirigida por Rubem Meireles, lembra que na abertura dos espetáculos, em todas as noites, o telão destacava a participação da capital paraense, com a inscrição “Brasil, Belém do Pará”, repercutida também nos jornais argentinos.
 
Para viver momentos como os que viveu no dia 2 de outubro, quando se apresentou no Danzamerica, além de garra, a ajuda do “paitrocinador” é fundamental, conta a bailarina, que ainda precisa da colaboração dos pais. A mãe da bailarina é quem borda seus “tutus” de bailarina e quem a acompanhou na viagem. Para Martha Batista, a mentalidade das pessoas do Sul e de fora do País é diferente, pois muitas bailarinas jovens já possuem postura profissional e, muitas vezes, conseguem ter dedicação exclusiva para a dança. A ausência de companhias estatais ou não em Belém, segundo ela, pode ser um dos motivos para isso.
 
Outro obstáculo na carreira de Martha foi o rompimento total que teve no ligamento cruzado-anterior do joelho esquerdo, que a fez parar por seis meses, transformados em período de “angústia profunda”, pois poderiam representar o fim de sua carreira. “Eu amo dançar; é o que eu mais amo fazer na vida é dançar”, desabafa, contando que surpreendeu até o diagnóstico de alguns médicos quando voltou aos palcos. Para tratar o joelho, ela fez o mesmo tratamento que jogadores de futebol fazem quando possuem lesões do mesmo tipo.
 
O problema no joelho, que hoje possui dois pinos de aço, foi sentido nas 10 horas de viagem até a Argentina. O clima do lugar, de cerca de 13 graus, entretanto, aliviou as dores e ajudou no momento do ensaio, quando, sem muito esforço, ela conseguiu repetir, sem pausa, a coreografia do concurso. Nas aulas e apresentações de pas-de-deux, ela conta com o apoio do professor e partner, Rubem Meireles, entrosamento que tem dado certo há vários anos. “A experiência de dançar com o professor é ótima porque, além de nos darmos bem fora da sala de aula, ele sabe quando a minha dificuldade é por causa do joelho, do movimento ou do piso”, relata.
 
CARREIRA - Foi com Rubem que Martha experimentou outros estilos de dança, como o neoclássico, que permite, com base nos movimentos clássicos, mais abertura na criação das coreografias. Mesmo preferindo os ballets de repertório, o casal conquistou premiação, em 2005, no Festival Internacional Bento em Dança (RS) com a coreografia “Ritual”, de Meireles, com música de Villa-Lobos. Prêmios, inclusive, não faltam no currículo dela, que foi eleita bailarina destaque por dois anos consecutivos, 1999 e 2000, pela Associação Paraense de Dança (APAD). Em 1999 também foi eleita bailarina revelação no 15º Baile dos Artistas.
 
Os prêmios são lembrados com alegria e certa nostalgia, como o 1º lugar obtido com o solo de repertório, em 1998, no II Festival Latino Americano de Dança (RS), quando ainda dançava pela Escola Clara Pinto, onde começou. De lá, passou pela Ballare e Escola de Teatro e Dança da UFPA, onde conheceu Rubem Meireles, que também é professor.    
 
A história de Martha poderia ter seguido outro rumo, se ele tivesse viajado ao Uruguai para fazer parte da companhia de Inês Camou, que a convidou durante um festival paraense de dança, quando ela tinha apenas 14 anos. “Ela me entregou o troféu e fez o convite, mas meus pais não me deixaram ir porque me achavam muito nova”, recorda, explicando que as famílias, em Belém, por não enxergarem o lado profissional do ballet, priorizam o estudo.
 
Martha Batista trabalhou pouco tempo como psicóloga e, ano passado decidiu cursar Pedagogia, sua “outra paixão” depois da dança. Atualmente, ela ministra aulas de repertório na Guará Balé-Teatro e na Ribalta, escola de Ananindeua. Além de continuar vivendo seus sonhos, a bailarina que ama a dança e odeia o calor da cidade, dá lições de superação para as alunas com a experiência de quem sabe das dores e delícias da profissão. E se alguém pergunta se ela pensa em parar, a resposta é imediata. “Claro que não! Vou dançar até o joelho agüentar”. Ninguém duvida.
 
Texto: Luciane Fiuza (publicado no Jornal Diário do Pará; edição de 19/10/ 2008).
 
    
publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 15:06
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Outubro 13 2008

© LUCIVALDO SENA / AG. PARÁ

 

12/10/2008 13:41

Todas as Marias se únem no Círio de Nazaré
 
Da Redação
Agência Pará
 

O céu de Belém ainda estava escuro quando iniciou a missa, às 5 horas, em frente à Igreja da Sé, Catedral Metropolitana, na manhã deste domingo (12). O dia nasceu e, com ele, a alegria transpareceu no rosto dos romeiros que lotaram o local e continuaram chegando, oriundos do interior e de fora do Estado. Pessoas de várias crenças e religiões que, até o final do cortejo, chegaram a cerca de 2 milhões, formando um verdadeiro mar de gente acompanhando a padroeira do Pará, a Virgem de Nazaré ou, simplesmente, Maria.

 

Desde cedo, muitos saudaram, aplaudiram, agradeceram ou pediram graças à Nossa Senhora, na maior procissão religiosa do ocidente. O segundo domingo de outubro, dedicado ao Círio, que este ano coincidiu com o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, é um verdadeiro espetáculo de fé e superação.

 

A missa que antecede a grande procissão foi celebrada pelo Núncio Apostólico D. Lourenço Baldisseri, que representa o papa Bento XVI no Brasil. No palco em frente à Sé – que está em restauração – estavam presentes os arcebispos Metropolitano de Belém, D. Orani João Tempesta, e o emérito de Belém, D. Vicente Zico. “A atitude de Maria diante de Jesus é marcada por uma confiança incondicional”, frisou D. Baldisseri durante o evangelho, mostrando aos fiéis que o exemplo de Maria deve ser seguido. “Ela meditava em silêncio a palavra de Deus, mesmo quando não a entendia”, acrescentou.

 

O Coral da Catedral, com 35 vozes, emocionou o público, como a costureira Maria Benedita dos Reis, que chegou à 1h30 para conseguir um lugar privilegiado. Agradecida, Maria contou que, depois de tocar na imagem da Virgem, conseguiu a cura da depressão profunda que a atormentava.

 

Muitas Marias participaram da celebração. Os nomes Maria e Nazaré (ou Maria de Nazaré), muito comuns no Pará, homenageiam ou são sinais de agradecimento a alguma graça alcançada.

 

Às 6h30, a imagem foi levada para a berlinda, sob a proteção dos guardas da Paróquia de Nazaré, que formam um cordão humano em torno da imagem, protegido externamente por outro, formado por homens da Polícia Militar (PM) e do Comando de Fuzileiros Navais, além do efetivo do Corpo de Bombeiros e equipe da Cruz Vermelha.

 

Logo após o início da procissão, a Santa recebeu a primeira grande homenagem dos balanceiros, peixeiros e geleiros do Mercado do Ver-o-Peso. A queima de fogos de artifício marcou a maior das 11 procissões da Festividade de Nazaré. Do bairro da Cidade Velha, os romeiros seguem com destino à Basílica-Santuário, trajeto inverso ao da Trasladação, ocorrida no sábado à noite.

 

Corda – A multidão começou a enfrentar seu primeiro desafio quando entrou no Boulevard Castilhos França, onde a corda é atrelada e os romeiros lutam por um espaço em uma das nove estações, marcadas por bandeiras coloridas. O universitário Rodrigo Araújo foi um dos primeiros a garantir um lugar na corda dos promesseiros, para agradecer à Virgem por sua tia, vítima de câncer de estômago, “ter tido uma morte tranqüila, dormindo”.

 

Helicópteros da PM e dos Bombeiros circularam o tempo todo pelo local, auxiliando o policiamento. Antes de chegar à Avenida Presidente Vargas, Nossa Senhora recebeu mais duas homenagens: dos sindicatos dos Estivadores e dos Arrumadores do Estado do Pará.

 

Além dos fogos, ao longo do percurso muitos aplausos, balões e chuva de papel picado aumentaram a emoção de romeiros e de quem apenas assistia à procissão, sem conseguir conter as lágrimas com a aproximação da berlinda. A emoção também acompanhou Cilene Pimentel, 37 anos, que acompanhou o Círio na corda para agradecer por ter conseguido um emprego com carteira assinada.

 

A fé do paraense também é simbolizada pelo sacrifício. A PM Marciane Cruz Nascimento se destacou no meio dos policiais que protegiam a berlinda. “A gente tem que manter a ordem”, disse ela, para quem o trabalho e a devoção possuem o mesmo valor entre os promesseiros. Haidêe Nunes, do município de Altamira, vestiu túnica para agradecer a cura por uma doença de infância. “Vim pagar a promessa feita pela minha avó”, contou.

 

Outra romeira que chamou a atenção foi Felícia Cardoso, 80 anos. Descalça, ela participou da procissão próximo à corda, para agradecer por várias graças alcançadas. A engenheira florestal Regina Meireles também se mostrou determinada: depois de soltar-se da corda, tentou novamente voltar.

 

Lágrimas, sorrisos, acenos, sacrifícios. Tudo é válido para homenagear a padroeira, o exemplo de Maria – mãe e mulher -, reverenciada pelas milhares de Marias que se espalham pelo Pará, e se unem no segundo domingo de outubro para demonstrar, pelas ruas de Belém, a religiosidade do povo paraense.

 

Texto: Luciane Fiuza - Secom

 

 

 

Fotos da Agência Pará: Eunice Pinto, Tamara Saré e Lucivaldo Sena.

 

Link: http://www.pa.gov.br/noticias/materia.asp?id_ver=33507

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 04:07

Outubro 11 2008

 

"Dai-nos a benção bondosa, Senhora de Nazaré!"

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 01:18

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