O jornalista Lúcio Flávio Pinto informa que é provável que ainda hoje, terça-feira (28), seu novo livro, "A História Censurada (O Pará dos nossos dias)", esteja nas ruas, para a alegria dos que acompanham seu trabalho e torcem para que saia vitorioso nos processos judiciais que responde, movidos pela família Maiorana. Ronaldo Maiorana, um dos proprietários das Organizações Romulo Maiorana, filiada da Rede Globo (tv, rádio e jornal Liberal), para quem não sabe, agrediu fisicamente e de forma covarde Lúcio Flávio em um restaurante público paraense, uns anos atrás. Além de não ter respondido, na época, a altura, pelas agressões, mais uma vez a Justiça paraense protege este grupo de Comunicação, numa sentença inacreditavel que pretende, inclusive, calar Lúcio Flávio Pinto, num ótimo exemplo de ditadura (leia aqui). Lúcio não se calou, assim como a sociedade, que se movimenta contra estas injustiças que revoltam e envergonham. Tive uma pequena mostra do que as ORM são capazes, quando estagiei lá, em 2004, exploração que até hoje não esqueci. Na época não tive o apoio devido do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor), que também não se manifestou em relação ao caso do Lúcio Flávio. O que tem em comum a Justiça, o Sindicato e as ORM? Respostas para perguntas do gênero com certeza estão no novo livro do Lúcio Flávio, que tem sido um dos poucos (e, em muitos momentos, o único) que não se calam e, desta forma, exercem o Jornalismo em sua plenitude. Sinto vergonha de ser paraense quando um profissional como ele, reconhecido (e premiado) no Brasil e mundialmente por sua bandeira pela Amazônia, seja tratado assim na sua terra... Abaixo, como referência, segue o texto da orelha do livro, que pode ser encontrado em algumas bancas de revista e livrarias da cidade, que vendem o Jornal Pessoal e os demais livros do autor. Luciane.
A VERDADE HISTÓRICA
Os Maiorana extraditaram a história no Pará. Os donos do maior grupo de comunicação do Norte do Brasil, por sua afiliação à Rede Globo, a terceira maior rede de televisão do mundo, não admitem que a história possa contrariá-los. Mesmo que seja verdadeira, ainda que seja provada, documentada, pública e notória. Quem ousar dizer a verdade vai se tornar vítima de suas perseguições. O principal instrumento a seu serviço, para proscrever a verdade incômoda, tem sido a justiça.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto já experimentou o amargor de decisões tendenciosas, parciais. A última delas, no dia 6 de julho de 2009, impôs-lhe o pagamento de 30 mil reais de indenização aos irmãos Romulo e Ronaldo Maiorana, mais acréscimos que elevam esse valor a R$ 40 mil. A punição também inclui não falar de ambos os Maiorana e publicar sua carta, embora os autores da ação tivessem pedido que a censura fosse feita apenas para beneficiar o pai e jamais tenham escrito uma carta a respeito da reportagem.
Franz Kafka teria muito que aproveitar dessa sentença. Pois tudo que foi dito no Jornal Pessoal é verdade, conforme reafirma este livro. O fundador do império de comunicação, Romulo Maiorana não pôde colocar em seu nome a concessão da emissora de televisão, porque os órgãos de informações do governo federal o vetavam, em função da sua ligação anterior ao contrabando, um dos principais alvos da ação dos militares no Pará.
Esse fato já faz parte da história e foi referido apenas porque, sem ele, a reconstituição do passado, sobre as origens da corporação de comunicação, estará adulterada, comprometida. Os donos atuais do grupo Liberal não se importam com o rigor dos fatos: estão dispostos a reescrever tudo para que o enredo corresponda à sua vontade e aos seus caprichos.
Entretanto, os poderosos não podem tudo, se o que desejam viola a legalidade, a ética e a moral pública. Viola também a democracia brasileira, que, no Pará, deixou de ter vigência em função da decisão do juiz Raimundo das Chagas Filho. Ao decidir que uma publicação periódica como o Jornal Pessoal não pode mais falar de Romulo pai, Romulo filho e Ronaldo Maiorana, sem que o pedido incluísse os dois filhos, o magistrado acabou assumindo a paternidade da censura prévia. O Pará, assim, regride à condição de ditadura.
Este livro foi escrito para impedir que esse retrocesso se consume. Ele espera poder mobilizar as pessoas conscientes da história, para que resistam às violências de um autêntico processo político. Ao mesmo tempo, visa assegurar que a história não se torne uma página em branco, ou preenchida com uma verdade utilitária.
GULAG TROPICAL
O jornalista Lúcio Flávio Pinto tem sido vítima de processos políticos que dão ao Pará as características de um Estado ditatorial. A justiça, agindo com parcialidade e tendenciosidade, faz a vontade dos donos do maior império de comunicação do Norte do Brasil, empenhados em sufocar a verdade e reescrever a história para atender seus caprichos e suscetibilidades. Este livro diz um não a esse Gulag ao tucupi.