Simplesmente Lu

Fevereiro 06 2010

 



Da bala que atravessa a carne

Da cigarra que canta seu desejo

Da jovem que escreve uma poesia e

Da canção que enternece o peito;

 

Do orgulhoso que aprendeu a perdoar

Do fogo que do frio nos salva

Do medo no ultimo momento... E

do anseio do amor sem ressalvas;

 

E da dor da’ngústia em meu peito

E da dificuldade de alcançar meu epicentro

E da agonia e desespero

Por me saber ser humano!

 

Apesar de toda minha saudade:

Oh mãe! Oh irmãos! Oh irmãs!

Apesar de todo meu desconforto em ser brasileiro:

Brasil às margens da ordem e progresso!

 

Apesar do Brasil e

Da bala,

Apesar do amor e

Das ressalvas

Eu,

Eu quero dançar um tango!

 

Deixar a vida a mim se mostrar

Canção que surpreende, embalada,

Suor que’scorre na carne e acalma

Braços da intuição e sobriedade em farra.

 

Não será a guerra a me extinguir ou

A falta do pão a me enfraquecer e

Mesmo que a amada de imediato não venha

Serei em mim mesmo a lenha

Que acalorará toda minha ambição.

 

Jorre, vida! Jorre!

Por todos os fins e flancos!

Seja-me a final irresistível

Tanto quanto mais ardo por me reinventar em ti!

 

Jorre, vida! Jorre!

Pois farei arte ainda que sobre o cadáver de Deus

Dançar ballet no quente do asfalto

Amar alguém como um cego ama a luz!

 

Jorre, vida! Jorre!

Até quando as minhas juntas despregarem,

Pois nada me levará deste mundo

Ate que’u dance meu ultimo tango!

 

Alexandre Valêntulus

 
Fonte: http://blogs.abril.com.br/poemasvalentulus/2009/11/meu-ultimo-tango.html

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 05:03
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