Ronaldo Franco
Azulejos contornando a janela de um velho casarão do bairro da Cidade Velha marcam o início da gostosa viagem literária de Cidade dos Poetas, livro de Ronaldo Franco, em parceria com José Maria de Villar Ferreira (Imprensa Oficial do Estado, 2005). Os poemas passeiam pelo cotidiano, formação e cultura da nossa gente. A primeira imagem é a dos azulejos, na capa do livro, seguida pelo imaginário que nasce de uma leitura com gostinho de tacacá regado com chuva da tarde...
Ronaldo Franco escreve a segunda parte do livro, Cidade Velha. Ele nos faz sentir mais paraenses, mais conhecedores do que somos hoje, a partir dos sagrados referenciais do passado. Descobrimos as causas e redescobrimos o prazer de insistirmos em guardar certos pensamentos (e atitudes) provincianos. Ao mesmo tempo, entendemos de onde vem tanta criatividade e diversidade, um manancial de idéias que diferencia nossos artistas.
Enfileirados, os azulejos. Entrelaçadas, as idéias de Ronaldo, sempre atento aos detalhes históricos de nossa formação. Sempre ligado na importância da velha arquitetura e sua relação direta com nossos velhos-novos hábitos. Totalmente envolto pelas nuances de nosso falar brejeiro. Ronaldo Franco resignifica a nossa cidade, Belém, cidade de tantos poetas.
Parabéns, poeta! Obrigada pelo presente que me deu em 2006 estava te devendo até hoje esse post, lembra? Guardo o livro com muito carinho, o mesmo que sinto pelo seu inspirado filho, meu amigo Raul. Um livro com gosto de quero mais. Com muitas Cidades Velhas dentro de Belém, que nos levam a tantas velhas cidades do mundo.
Outro mérito do livro é o de mostrar, despretensiosamente, as pessoas como elas são, vestidas com uma poesia crua, instintiva, mas, ao mesmo tempo, madura, elaborada e bela. Como são belos os arabescos dos velhos azulejos. Ronaldo, continue nos deleitando com suas geniais palavras, pois os azulejos continuarão contando nossa história, como diria Caetano, com o azul que é pura memória de algum lugar.
Lu, tua fã.