Simplesmente Lu

Janeiro 31 2007

10 DESEJÁVEIS VIRTUDES PARA A POLÍTICA CULTURAL DO PT NO ESTADO

Sétima virtude: Produção e veiculação – “Artista quer produzir e veicular suas obras”.

 

Texto: Cláudio Marinho, ator e jornalista.

 

 

Endereço do blog do autor: Na Cena de Cláudio Marinho 

 

Montagem_Alex.JPG

“Artista quer produzir e veicular suas obras.

 

 

Por Cláudio Marinho*.

 

 

As eleições sempre provocam uma reflexão mais intensa sobre os rumos que a administração pública vai dar à saúde, à educação, à cultura e a outras necessidades do povo. Infelizmente a discussão, na maioria das vezes, se restringe às divergências partidárias e pouco se fala de programas de governo. Como as eleições já passaram mesmo, torna-se mais pertinente ainda ir direto ao assunto: artista quer ter meios para produzir e veicular a sua obra. Parece óbvio e é mesmo.

 

 

A discussão parte desta conclusão óbvia porque os artistas, em sua maioria - exceto aqueles eleitos pelos departamentos de marketing de empresas que concedem patrocínio - sequer têm verba para iniciar a sua produção. E quando o trabalho está pronto, começa a peregrinação em busca da veiculação da obra e da divulgação quase sempre deficiente. Quanta solidão!

 

 

Não falo que é papel do governo assumir uma postura paternalista. Não é isso. Digo que o governo tem, sim, o papel fundamental de estimular a produção e veiculação artística, principalmente estimular a pesquisa que traz resultados inovadores e nem sempre comerciais. O governo tem, sim, o papel fundamental de apresentar a arte ao povo que quase sempre está mais preocupado com a própria sobrevivência.

 

 

Não basta estimular o turismo e arrumar as fachadas das cidades. É preciso zelar pelo povo, educá-lo, dar-lhe acesso à cultura, estimular o pensamento. Só assim formaremos uma sociedade realmente democrática e que possa, num futuro próximo, assumir perante o mundo a grande responsabilidade de ser uma sociedade amazônica, preparada para defender seus interesses.

 

 

O governo deve ter, sim, o compromisso com os artistas que são o maior patrimônio da cultura paraense. Este artista é agente de toda a reflexão, é veículo da criatividade, é o que propõe o novo. Não estimular e valorizar o artista é - com certeza - o posicionamento político mais perverso. É assumir - mesmo que não declaradamente - a falta de interesse em ver as transformações necessárias. Este compromisso não deve se resumir a disponibilizar uma lei de incentivo cultural e deixar que o artista estenda o pires aos diretores de marketing das empresas, implorando por patrocínio.

 

 

O Pará tem uma atividade artística singular, que fervilha idéias. O nosso Estado tem uma diversidade musical como se vê em poucos lugares, que transita da música de raiz até o rock, que cada vez mais ganha destaque nacional; o Pará tem um time de fotógrafos premiados internacionalmente pela sensibilidade e capacidade de fazer trabalho autoral; quanta inventividade nas artes plásticas, sintonizadas com a arte contemporânea; o Pará tem escritores incríveis como Dalcídio Jurandir e Maria Lúcia Medeiros que ainda não ocupam o lugar merecido na literatura brasileira; o Estado tem guerreiros do teatro e da dança em suas salas de espetáculos; tem guerreiros nos sets de filmagem que insistem em fazer cinema na Amazônia, mesmo sem condições para isso. Volto aqui, ao ponto de partida: estes artistas querem meios para produzir e veicular suas obras.

 

 

É preciso mesmo retroceder ao ponto de partida: produção e veiculação. Depois disso podemos direcionar a discussão para outras questões. Infelizmente o Pará (que num samba enredo foi chamado a 'obra-prima da Amazônia'), com todo o seu potencial artístico, ainda está no ponto de partida. Mas, graças aos teimosos artistas, está pronto para dar a arrancada!

 

 

Cláudio Marinho é ator e jornalista paraense. Radicado há dois anos em São Paulo, trabalha no teatro e edita o site Na Cena de Sampa  - www.nacenasp.com - que divulga a produção teatral paulistana.”

 

 

Ps: A crônica acima foi publicada em 11 de novembro de 2006 no jornal "O Liberal". As fotos de Cláudio atuando no teatro e no cinema foram retiradas do blog do ator; a arte da montagem é de Alex Padarath.
publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 12:16

LILIKA: muitos governantes pensam assim, infelizmente. A alienação e ignorância do povo é lucrativa para eles, é uma maneira de se manterem no poder. Cabe a nós tentar reverter este quadro. A cultura agradece. Bjs! Lu....... LENE: Valeu pela visita. Quero conhecer o novo apartamento; assim que der vou por aí. Beijos pra ti e pra Milene. Lu.
Luciane Fiuza de Mello a 2 de Fevereiro de 2007 às 19:26

Cláudio, artista quer ter condições para trabalhar dignamente, como qualquer outro profissional. Produzir e veicular obras é essencial. Tantos artistas esbarram aí... Quem perde é o público que deixa de ter contato com ótimos trabalhos. Espero que o novo governo assuma este compromisso com nossos artistas: estimular a produção e a pesquisa, fomentar a cultura. Queremos ver nosso Pará transbordando sua cultura diversificada e singular. Vamos dar a arrancada, sim, pois nossos artistas persistentes e talentosos nunca abandonaram a corrida. Merecem crédito, apoio e aplausos. Um abraço e obrigada pela colaboração. Luciane.
Luciane Fiuza de Mello a 2 de Fevereiro de 2007 às 11:24

Cláudio, pedi para Luciane fazer a impressão do teu texto, ainda não li, vou ler e depois dou o feedback. Meu teatro hoje vinculado a trabalhos c/crianças carentes, abri uma escolinha c/minha namorada em 1999 em Castanhal. Estou feliz com teu sucesso. Muita luz. Lene Sancar.
Lenne Sancar a 1 de Fevereiro de 2007 às 23:00

Seria muito interessante se o Governo atentasse para a cultura, só que um povo culto não os interessa, pois povo que pensa faz críticas, críticas que poderão ser voltadas aos mesmos.
abraço!!
lilikika a 31 de Janeiro de 2007 às 20:14

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