Publico, abaixo, trechos da crítica de Nei Vargas sobre o trabalho da Cia de Dança Joca Vergo, publicada em 26 de setembro de 2006 no Jornal do Comércio (RS). Peço desculpa aos leitores pelos cortes que fiz; não pude colocar na íntegra porque não tive acesso ao texto completo.</p>
Nei Vargas, especial JC
Num cenário em permanente construção, avançando conforme o fluxo e refluxo das conduções das políticas culturais, a dança prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" />em nosso Estado mantém-se viva e atenta à dinâmica das inovações dos grandes centros exportadores de tendências. Das manifestações artísticas aqui praticadas, pode-se dizer que esta é a menos estimulada; fato que, em termos, a coloca ainda em caráter incipiente. No entanto, um olhar atento a um passado recente faz surgir uma constelação de bailarinos, dos quais alguns atuantes em instâncias internacionais, construtores de uma carreira sólida e reconhecida. De fato, alguns encontram aqui um terreno profissional insustentável, na medida que o mercado de dança insiste em ser tímido. (...) O trabalho incansável que Joca tem realizado, desde o início de sua trajetória, nos é mostrado em seus últimos espetáculos. Tendo como base as pesquisas corporais de Martha Graham, a tradição do ballet clássico e as tendências contemporâneas, ele tem potencializado a dança como linguagem que dialoga com outros estratos da arte. Em seu último espetáculo, Fragmentos Personários, percebemos a miscigenação de recursos interpretativos explorados em sua coreografia, na medida em que incorpora à dança diferentes propostas até pouco tempo impensáveis, resultando em pura potência plástica e poética. (...) As danças em conjunto, solos e pas des deux é importante salientar que Joca coreógrafa, dirige e também é a única figura masculina em cena que dança ganham força e riqueza de expressão pelos apropriados aéreos que compõem a trama do espetáculo. As bailarinas da Cia. de Dança Joca Vergo surpreendem em suas entradas inesperadas, que podem acontecer tanto em um monociclo ou numa espécie de corte ao palhaço, nos fazendo lembrar, por vezes, das figuras mitológicas encontradas na pintura renascentista. Como não bastassem tantos cruzamentos, a música tem trilha especialmente composta e é executada ao vivo, por um pequeno conjunto. (...) Não há como negar que o efeito estético do espetáculo nas dimensões tradicionais do espaço cênico ocidental revela uma pulsão contagiante, equilíbrio permanente e reforço no potencial dramático que permeia Fragmentos. É de se destacar o reforço que a presença de outro bailarino em cena oferece ao espetáculo, pois é dado maior visibilidade aos pas de deux em rapel de parede, tecidos e conjunto coreográfico. Sustentada em sua constante investigação, a carreira de Joca Vergo sintetiza a viabilidade do corpo enquanto elemento condicionante da expressão técnica e dramática das coisas da vida. Ele faz da dança seu instrumento de discurso cênico, fruição estética e estímulo aos sentidos.
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PS: Fotos de Vinícius Mariano. Do espetáculo A Torre, com a Cia de Dança Joca Vergo.