Simplesmente Lu

Setembro 29 2012

 https://1.bp.blogspot.com/-HiCy8gDRnfI/UGXpJQAmu3I/AAAAAAAABSw/txvAek8EOow/s1600/Cole%C3%A7%C3%A3o+Manualidades+-+lapidando+tend%C3%AAncias_Mangas+Mangueira_da+designer+Camilla+Amarall_FOTO+JO%C3%83O+HAMID.bmpColar Mangas Mangueira, de Camilla Amarall, utiliza a técnica da incrustação paraense.

Coleção "Manualidades - lapidando tendências". FOTO JOÃO RAMID

 

Experimentações, debates teóricos, trabalhos acadêmicos e as técnicas que inovam o processo de criação e confecção das joias artesanais do Pará estão relatados no livro “Joias do Pará: Design, Experimentações e Inovação Tecnológica nos Modos de Fazer”, que será lançado neste sábado (29), às 17h, no Ponto do Autor, na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, que acontece no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, até domingo (30).

O livro resulta de uma iniciativa do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), instituição que gerencia o Espaço São José Liberto e o Polo Joalheiro do Pará, em pareceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapespa) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae), com apoio da Secretaria Especial de Infraestrutura e Logística para o Desenvolvimento Sustentável e Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom).

A iniciativa foi selecionada pelo Edital nº 019/2008 – MPE, dentro do Programa de Difusão tecnológica às Micro e Pequenas Empresas Inseridas no Arranjo Produtivo do Estado do Pará.


A organização do livro ficou a cargo de Rosa Helena Nascimento Neves, diretora executiva do Igama; Rosângela da Silva Quintela, professora da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa) e da Faculdade de Belém (Fabel); Rosângela Gouvêa Pinto, coordenadora do curso de Design, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), e Anna Cristina Resque Meirelles, diretora do Museu de Gemas do Pará, que compõe o Espaço São José Liberto.

 https://1.bp.blogspot.com/-zN9j1S9ZT1M/UGXqKRgAhpI/AAAAAAAABTA/pdLuQ2c2RXE/s1600/Cole%25C3%25A7%25C3%25A3o+Manualidades+-+lapidando+tend%25C3%25AAncias_Bracelete+Encanto+Marajoara_cria%25C3%25A7%25C3%25A3o+da+designer+Helena+Bezerra_FOTO+JO%25C3%2583O+RAMID.bmp

Coleção Manualidades: Braceletes Encanto Marajoara, da designer Helena Bezerra.

FOTO: JOÃO RAMID


CONTEÚDO - Em 10 artigos, a obra retrata a importância dos projetos de joias como base para um processo criativo consciente; a identidade, a história e o mercado para o desenvolvimento do design de joia no Pará; os símbolos e imagens da cultura material e imaterial na criação da joia amazônica; um estudo científico sobre os muiraquitãs, os amuletos das lendárias índias Amazonas; pesquisas sobre o setor joalheiro desenvolvidas no âmbito do Curso de Design, vinculado ao Centro de Ciências Naturais e Tecnológicas da Uepa; o processo de fabricação das gemas orgânicas da floresta, a partir de resinas vegetais; o design diferenciado das joias artesanais paraenses; a técnica inovadora de lapidação de gemas, desenvolvida pela lapidária Leila Salame, e a incrustação paraense, um modo de fazer criado e aperfeiçoado na joalheria local.

No prefácio, Regina Machado, designer de joias, professora universitária no Rio de Janeiro e consultora do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), afirma que “os relatos contidos neste livro, assim como as joias geradas pelos modos de fazer e de pensar, testemunham um jeito de se estar no mundo, a relação entre objetos e sujeitos. Ambos narram as aspirações de um tempo e um lugar. Ao futuro chegarão como produtos representativos do pensamento das primeiras décadas do século XXI, quando o design buscou reunir novamente o encantamento estético à racionalidade do pensamento tecnológico”.

 

Lapidação diferenciada de Leila Salame. FOTO: WALDA MARQUES


POLO JOALHEIRO - O registro do trabalho desenvolvido para criar uma Escola de Joalheria do Pará, voltada à valorização da joia artesanal e da cultura da Amazônia, sintetiza a trajetória do Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Metais Preciosos do Pará, lançado em 1998 pelo Governo do Estado, e gerenciado no Espaço São José Liberto desde outubro de 2002.

A organização do setor joalheiro, a capacitação dos diversos profissionais envolvidos na cadeia produtiva; o surgimento e fortalecimento do design de joias no Estado, notadamente nos cursos de formação superior criados para esta área; o aprimoramento das peças; a divulgação desse trabalho em feiras e outros eventos, dentro e fora do Brasil; o aumento do número de profissionais vinculados ao Polo Joalheiro; as novas técnicas desenvolvidas dentro do programa e o reconhecimento da joia artesanal do Pará como um produto de qualidade e diferenciado, são resultados dos investimentos feitos pelo Estado ao longo de mais de uma década.

Segundo as organizadoras da obra, “são apresentados, neste livro, as experimentações e debates teóricos vivenciados na execução desse projeto por meio de artigos técnico-científicos, ensaios e memoriais, e suas respectivas mudanças qualitativas no processo de criação e produção das Joias do Pará. Constam desta forma recortes de algumas ações desenvolvidas, destacando os workshops internacionais, o registro das técnicas utilizadas e os debates conceituais sobre a joia”.

 

Publicado pela editora Paka-Tatu, o livro traz textos assinados pelo designer Stefano Ricci – “A Cultura de Projeto para uma Criatividade Consciente, Livre e Poética”; o mestre ourives Claudio Franchi – “Manifesto da Escola de Joalheria do Pará” e “Sociologia, Identidade, Senso da História e Mercado para o Desenvolvimento do Design da Joia no Pará”; o professor e poeta João de Jesus Paes Loureiro – “Símbolos e Imagens da Cultura Material e Imaterial no Processo de Criação da Joia Amazônica”;                                                                                                                                                                  

a gemóloga Anna Cristina Resque Meirelles e o professor da Universidade Federal do Pará Marcondes Lima da Costa – “Muiraquitãs do Museu de Gemas do Pará”; a professora Rosângela Gouvêa Pinto – “Joia Paraense: Pesquisas Desenvolvidas pelo Curso de Design do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia da Universidade do Estado do Pará – Uepa”; a professora Rosângela Quintela – “A Fabricação de Gemas Orgânicas da Floresta” e “Um Design Inovador nas Joias do Pará”; a professora Raimunda Figueiredo Silva Mais e Anna Cristina Meirelles – “A arte, o encanto e a trajetória de uma lapidária”, e a jornalista Socorro Costa – “Incrustação Paraense: Inovação no Aproveitamento da gema Orgânica na Joalheria Artesanal”.

Durante o lançamento cada convidado receberá um exemplar do livro, que, posteriormente, será doado aos autores e distribuído para universidades, faculdades e centros superiores de ensino que possuam cursos em áreas afins ao Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Metais Preciosos do Estado do Pará, como os de Design, Artes Visuais, Arquitetura e Turismo. O livro também será doado para bibliotecas, bem como para entidades parceiras do Espaço São José Liberto/Igama.

SERVIÇO: Lançamento do livro “Joias do Pará: Design, Experimentações e Inovação Tecnológica nos Modos de Fazer”. Sábado (29), às 17h, no Ponto do Autor, na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, no Hangar. Entrada franca. Realização: Igama, e Governo do Estado/Secti e Fapespa, e Sebrae-PA.

Ascom/Igama

 

 
 


publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 14:24

Setembro 21 2012


Capa da Revista "História em Quadrinhos do Círio de Nazaré", do quadrinista paraense Luiz Pinto

 

Históricas, cômicas, romanceadas ou repletas de aventuras, as Histórias em Quadrinhos estabelecem uma relação direta e imediata com o leitor. Rica em imagens e com textos dinâmicos, expressos principalmente nos diálogos, as HQs têm legiões de fãs em todos os continentes. E foi pensando nessa facilidade de comunicação da chamada “nona arte”, que o quadrinhista paraense Luiz Pinto, após longa trajetória como chargista e cartunista, idealizou a História em Quadrinhos do Círio de Nazaré, obra que ele autografa neste sábado (22), a partir das 16h30, no Ponto do Autor, dentro da programação da XVI Feira Pan-amazônica do Livro. O evento, realizado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura (Secult), acontece no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, até 30 de setembro, e deve receber cerca de 450 mil visitantes.

 

O projeto de transpor para a linguagem dos quadrinhos a história da devoção a Nossa Senhora de Nazaré, iniciada em Portugal e que chegou ao Pará há mais de dois séculos, foi um verdadeiro desafio para Luiz Pinto. A primeira edição, publicada em 1993, ano do Círio 200, saiu encartada em uma revista da Agência Ver Editora, em preto e branco. Depois, ainda pela mesma editora, a revista foi publicada apenas com a capa colorida.

 

A edição que será autografada na Feira do Livro, revista, ampliada e colorida, foi impressa em 2011, com o apoio do Governo do Estado, por meio da Companhia Paraense de Turismo (Paratur). Todo o trabalho de colorização, feito pelo próprio autor, levou quase 10 meses para ser concluído. Luiz aproveitou a nova edição para fazer ajustes em algumas páginas, que na primeira edição ficaram com excesso de texto. As páginas foram redesenhadas, e as mudanças podem ser vistas nas páginas finais, nas quais ele explica o motivo e a ampliação realizada.

 

“Essas alterações foram necessárias para recuperar a agilidade e a objetividade da linguagem dos quadrinhos. A transformação em duas páginas recobrou essa característica fundamental na leitura de HQ”, ressalta Luiz Pinto, cujo trabalho se caracteriza por ser um “quadrinho de autor”, que retrata a devoção a Nossa Senhora e o Círio e Nazaré sob a perspectiva histórica. “A História do Círio de Nazaré em Quadrinhos veio se juntar às inúmeras obras e registros feitos sobre um evento que mobiliza, a cada ano, mais de 2 milhões de pessoas. O objetivo desse trabalho é contribuir para levar essa história tão singular, que se reescreve a cada segundo domingo de outubro, a todos os leitores, especialmente às crianças e adolescentes, que podem ter nos quadrinhos uma porta aberta ao conhecimento”, destaca o autor.

 

Responsável pelo roteiro, Luiz passou anos pesquisando a história do Círio e a origem dessa devoção, que começa em 1182, em terras de Portugal – país homenageado nesta edição da Feira do Livro -, com o milagre envolvendo o nobre português D. Fuas Roupinho. “É uma história fascinante, já que a imagem de Portugal seria uma cópia de Maria, esculpida na Galiléia, e teria passado pelas mãos de São Jerônimo e Santo Agostinho, escapado a perseguições e ao passar dos séculos. E isso sem contar as histórias que cercam a imagem em Belém, desde o achado até o primeiro Círio, passando por problemas políticos e polêmicas provocadas pelas mudanças ocorridas na procissão com o passar dos anos”, conta o autor.

 

Luiz Pinto faz questão de ressaltar que a revista não é direcionada apenas à população católica ou àqueles que, mesmo professando outras religiões, se identificam com o Círio e a devoção a Maria. “Sem dúvida, é uma revista feita para levar essa história a todas as camadas da população”, enfatiza.

 

O Mercado Ver-o-Peso no final do século XVIII: o primeiro "Círio de Nazaré" pelos traços de Luiz Pinto


Trajetória - Nascido em Santarém, no oeste do Pará, terra do maestro Wilson Dias da Fonseca, o “Isoca”, patrono da XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, Luiz Antonio de Faria Pinto, 58 anos, que assina suas criações como “Luizpê”, tem uma longa trajetória no jornalismo gráfico, como diagramador, ilustrador, chargista, caricaturista e cartunista. Integrante de uma família de jornalistas e escritores, Luiz transita com desenvoltura também pela música. Trabalhou em jornais em São Paulo (SP), Salvador (BA) e em Belém (PA). Há vários anos vem se dedicando ao trabalho em quadrinhos e ao Jornal Pessoal. O projeto em curso é a História em Quadrinhos da Cabanagem, a revolução popular que tomou conta do Pará a partir de 1835.

 

“Esse também é um projeto longo, que quase concluí em 2006, mas por uma série de problemas, inclusive de saúde, ainda não pude terminar. Mas já retomei e espero lançar no próximo ano. A Cabanagem é outro tema fascinante. É um fato histórico, com nuances próprias, que certamente seduzirá os leitores na dinâmica linguagem dos quadrinhos”, diz Luiz Pinto.


Literatura e imagem - Pelo mundo afora, as histórias em quadrinhos ganham nomes e estilos diversos. Presentes em livros, revistas, álbuns ou jornais, elas recebem em Portugal o nome de Banda Desenhada, e na França, Bande Dessinée. Nos Estados Unidos, grande centro dos quadrinhos de aventura, voltadas às figuras de super-heróis, são os Comics, e no Japão, os mundialmente famosos Mangás. Para os italianos são Fumetti (alusão aos balões dos diálogos, que parecem fumaça saindo das bocas dos personagens), e para os espanhóis, os Tebeos. Na Argentina, as HQs são Historietas, em Cuba, Muñequitos, na Coreia do Sul, Manhwas, e na China, Manhuas.

 

Independentemente da forma como são conhecidas, as HQs estão presente na história do homem desde a antiguidade. Pinturas rupestres, os hieróglifos egípcios e as tapeçarias da Idade Média são considerados pelos estudiosos como a origem desse gênero de arte, que une literatura e imagens desenhadas ou pintadas. “Meu trabalho está mais voltado ao quadrinho feito na Europa. Antes de escolher um tema, estudo bastante, pesquiso vários autores, porque posso contar a história de várias formas, até com personagens fictícios, como acontece com a HQ do Círio, mas os fatos não podem ser alterados. Por isso que defino como um quadrinho de autor”, frisa Luiz Pinto.


Serviço: Sessão de autógrafos da História em Quadrinhos do Círio de Nazaré, do quadrinhista paraense Luiz Pinto. Sábado (22), das 16h30 às 18h30, no Ponto do Autor, na XVI Feira Pan-Amazônica do Livro, que acontece de 21 a 30 de setembro no Hangar. Entrada franca. Realização – Governo do Pará/Secult.

 

Fotos: Divulgação

 

Texto: Socorro Costa

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 11:11

Junho 15 2012

 Design e manualidades destacam coleção de joias e modas do Pará na Rio+20

 

Colar Guaraná, inspirado na riqueza e na lenda do guaraná. Criação: Izaías Lopes. Produção: Rosa Leal.
 

 

Colar Déco Amazônico, inspirado na lenda das índias amazônicas e nas tramas de cestarias indígenas. Design: Marcilene Rodrigues. Produção: Sila Brasila.

 

 

 
Colar Guaraná, inspirado na riqueza e na lenda do guaraná. Criação: Izaías Lopes. Produção: Rosa Leal.

 

Colar Piracema, inspirado na desova dos peixes e feito com escamas de pirarucu. Design e produção: Nilma Arraes.

 

Escamas de pirarucu, minicestas de palha de arumã, azulejos, fibra de tururi, madeira, alumínio, cuia, chifre e couro de búfalo, e até coador de café reciclado. Materiais que poderiam ser descartados e degradados no meio ambiente, ganham formas, cores e, aliados ao ouro, à prata e às gemas minerais, agregam valor à coleção de joias e acessórios de moda que o Polo Joalheiro do Pará mostra, desde terça-feira (12) na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece oficialmente de 13 a 22 de junho, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). A coleção, denominada “Manualidades e Design – Rio+20”, está sendo comercializada na loja Signature, no Copacabana Palace, tradicional hotel da capital carioca.
A coleção é resultado de um workshop de criação de produtos coordenado pela jornalista e consultora de Moda e Estilo, Cristina Franco, responsável também pela coleção “Manualidades – Lapidando Tendências”, lançada em 2011 na primeira edição da Casa Cor Pará, em Belém.
O público da Rio+20 verá mais de 40 peças inéditas, além de outras da coleção anterior de joias e acessórios de moda. Os trabalhos expostos – bolsas, colares, anéis, brincos, broches, fivelas, pingentes, braceletes e pulseiras – foram criados e confeccionados pelos profissionais Rosa Leal, Izaías Lopes, Ivete Negrão, Edinaldo Pereira, Leila Salame, Tarcisio, Ivam Silva, Clara Amorim, Júlia Mendes, João Amorim, Celeste Heitmann, Rai Oliveira, Fábio Monteiro, Roseli Matias, Joseli Limão, Eli Cascaes, Nilma Arraes, Circe Silva, Erivaldo Júnior, Marcilene Rodrigues, Selma Montenegro, Mônica Matos, Paulo Tavares e Bárbara Müller.
Criada especialmente para a Rio+20, a coleção expressa os conceitos de design e sustentabilidade, referências no trabalho desenvolvido há mais de uma década pelo Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas, Joias e Metais Preciosos, mantido pelo Governo do Estado e gerenciado, desde 2007, pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), no Espaço São José Liberto.
Tendências - Segundo Cristina Franco, o trabalho realizado no Espaço São José Liberto está em plena harmonia com as tendências atuais do mercado. O artesanal, a matéria prima regional, a identidade cultural e a exclusividade são critérios que o mercado contemporâneo adota para definição de um artigo de luxo.
Na produção da coleção para a Rio+20, Cristina trabalhou com os designers e demais profissionais paraenses o conhecimento e a sabedoria popular, extraindo de casa produtos com conceitos e histórias próprias. Um dos exemplos dessa originalidade é o colar em prata, com gema vegetal de açaí e fio de seda com tingimento natural de café, criado por Mônica Matos, e com trabalho em ourivesaria de Paulo Tavares.
“A joalheria e moda são mercados que caminham lado a lado, que se complementam e se enriquecem. A Joia do Pará, como um produto plenamente conectado a essa contemporaneidade, que investe e valoriza o caráter sustentável em seus processos de criação e produção, não poderia ficar de fora de um evento com a temática da Rio+20”, ressalta Rosa Helena Neves, diretora executiva do Polo Joalheiro do Pará.
Carteira Floresta, inspirada na forma orgânica da floresta. Design e produção: Rosa Leal.

Bolsa Xingu, inspirada em tecidos crus pintados pelospindios Assurini, que vivem às margens do Rio Xingu. Design e produção: Erivaldo Júnior.
Fotos: João Ramid
Ascom/Igama
FONTE: http://blog.saojoseliberto.com.br/2012/06/design-e-manualidades-destacam-colecao.html
publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 19:45

Junho 19 2011

Reproduzo, abaixo, artigo publicado na edição de hoje (19) do Jornal Diário do Pará, que fala um pouco sobre a trajetória da Dr. Clara Pandolfo. Quem o assina é o jornalista e historiador Murilo Fiuza de Melo.

 

Clara Pandolfo, uma pioneira em defesa da floresta

                                                                                                  Por Murilo Fiuza de Melo*

       Este ano os paraenses terão a oportunidade de conhecer a história de uma das maiores cientistas do Estado no século 20, e que nos deixou em 2008, aos 97 anos, ainda lúcida. Falo de Clara Pandolfo, a grande homenageada na Mostra de Ciência e Cultura 2011, organizada pela Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), e que começa a percorrer várias cidades paraenses este mês. A mostra antecede a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, evento de divulgação científica organizado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia desde 2004 e que este ano ocorre em outubro.


       Clara era filha do comerciante português Albano Martins, que se mudou para Belém no fim do século 19 atraído pela borracha, com a paraense Judith Barreau, neta da irmã do seringueiro e jornalista Eduardo Angelim, um dos líderes da Cabanagem. Em quase tudo que fez, foi pioneira. Em 1926, aos 14 anos, ingressou na antiga Escola de Química Industrial do Pará, cujo diretor era o naturalista francês Paul Le Cointe, um dos maiores pesquisadoras da flora amazônica na primeira metade do século 20.


       A escola durou apenas 10 anos, entre 1920 e 1930, e neste período somente nove alunos se formaram. O curso exigia muita dedicação, com aulas em tempo integral, ministradas em francês e português. Clara foi a primeira mulher a se formar em química na região Norte e uma das cinco do país, ainda em 1929. Anos mais tarde, a ex-aluna de Le Cointe liderou o movimento pela reabertura da Escola, o que aconteceu em 1956, graças ao apoio financeiro do Estado e da SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), intermediado pela cientista, então funcionária da autarquia. Logo depois, a escola foi federalizada e incorporada à UFPA, onde está até hoje.


       Clara sempre defendeu que a química era uma ciência importante para entender a biodiversidade da Amazônia. E como professora, cujo magistério exerceu por mais de 20 anos em colégios de Belém e na própria UFPA, achava que esta ciência deveria ser dominada e exercida por pessoas da própria região – não por ser tratar de mero bairrismo, mas por acreditar que era preciso formar mão de obra localmente, em prol do progresso científico da região.


       Mas foi nos principais órgãos federais de desenvolvimento regional da Amazônia – a SPVEA e a sua sucessora, a Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) – onde Clara desenvolveu suas principais pesquisas. Na SPVEA, ainda no início dos anos 60, conseguiu que fosse assinado um acordo com o Institute de Recherches Pour Les Huilles et Oléagineux (IRHO), da França, para a implantação de um projeto experimental de cultura do dendê. O projeto foi incorporado pela Sudam, que desenvolveu uma plantação na estrada do Mosqueiro, nos anos 70. Apesar das críticas que recebeu – muitos o ironizavam, dizendo que Clara queria “levar o acarajé para o Pará” – o plantio se mostrou viável economicamente. A experiência abriu as portas para esta cultura no Estado, hoje o maior produtor de dendê (ou óleo de palma) do Brasil, considerado o biodiesel de melhor resultado econômico – 10 vezes mais produtivo que a soja!


       Como diretora de Recursos Naturais da Sudam, Clara foi uma das maiores incentivadoras do desenvolvimento tecnológico na região. Realizou convênios com universidades do Sul do país, com o intuito de formar engenheiros florestais, importantes para as pesquisas que eram empreendidas pelo órgão. Nunca deixou que o trabalho do Centro de Tecnologia Madeireira da Sudam, em Santarém, e as pesquisas silviculturais da Estação Experimental de Curuá-Una, criados graças a um convênio com a FAO (agência da ONU para a agricultura e alimentação), fossem abandonadas. Em Curuá-Una, foram desenvolvidas as primeiras pesquisas com manejo florestal com espécies amazônicas. Até então, havia dúvidas se isso seria viável pela alta heterogeneidade da região - o INPA, por exemplo, tem catalogado mais de 11 mil espécies de madeiras e a indústria comercializa somente 350.


       Os trabalhos desenvolvidos em Curuá-Una foram fundamentais para Clara criar um plano de exploração sustentável da floresta, ainda nos anos 70, chamado Florestas Regionais de Rendimento. A ideia era instituir 12 áreas na Amazônia, que seriam concedidas à iniciativa privada para exploração madeireira por meio de manejo florestal sustentável, sob fiscalização de uma empresa pública criada para este fim. Tais florestas seriam entrecortadas por áreas indígenas, de preservação, parques nacionais e outras unidades de conservação. A intenção era buscar racionalizar a exploração madeireira e mostrar que, com o manejo sustentável, seria possível explorar a floresta infinitamente.


       O projeto foi inicialmente apresentado em 1974, como uma das metas do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), do governo Geisel, e, depois, publicado em livro, em 1978, sob o título A Floresta Amazônica Brasileira – enfoque econômico-ecológico. Pela primeira vez, eram utilizados os dois conceitos juntos, então aparentemente antagônicos, para se falar de “desenvolvimento racional” - bem antes, portanto, da expressão “desenvolvimento sustentável”, criada pela Comissão Brundtland, da ONU, nos anos 80, e hoje largamente adotada.


       Na época, o projeto de Clara foi bombardeado pela direita e pela esquerda. A direita achava-se ameaçada, por acreditar que a adoção das Florestas de Rendimento iria diminuir o espaço destinado ao gado e à agricultura, enquanto a esquerda via o projeto como uma saída para a “internacionalização da Amazônia”. O fato é que, apesar das críticas, em 1979, o presidente João Figueiredo criou uma comissão, com especialistas de vários órgãos e universidades, entre os quais a própria Clara, para estudar um projeto de lei que visasse ao planejamento de ocupação sustentável da Amazônia. A comissão produziu um projeto muito avançado para a época, que previa a concessão de florestas públicas e o zoneamento ecológico-econômico da Amazônia.


       Figueiredo o enviou à Câmara no fim de seu mandato, em 1984. Em 1995, entre idas e vindas nas comissões da Casa, o projeto acabou sendo arquivado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A ideia da concessão florestal à iniciativa privada foi retomada somente em 2006, na gestão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – com a aprovação da Lei 11.284, que recriou, entre outras coisas, o Serviço Florestal Brasileiro, hoje responsável pela gestão das concessões públicas. Por tudo que realizou, Clara foi uma cientista muito à frente do seu tempo, uma pioneira em defesa da floresta.

*Jornalista e historiador

 

publicado por Luciane Barros Fiuza de Mello às 20:39

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